segunda-feira, 18 de maio de 2009
Linha 2
Passamos a 100…
Há sempre uma sombra sobre este incessante clarão.
Não é em vão que eu sigo por aqui…
Uma fase parada…
Esperava o impulso…
Ladeado por altos resguardos e constantes sebes.
Não faço o mínimo esforço e vou a correr…
Muitas caras…
Conheço e nunca as vi…
Olham e desgostam fugindo do meu toque.
Não sabem que lhes toquei permanentemente…
O meu horizonte…
Quase que o contemplo…
Sei que fica longe e existe e não desespero.
Não há quem me arranque a verdade…
Fútil mudar de linha
É fútil se já vais a meio…
segunda-feira, 11 de maio de 2009
A camponesa ganzada
Escondida atrás do milheiral,
Está a volumosa filha do Pascoal,
Cobiçada pela rapaziada do montão
Pelas suas intensas curvas
E pelo seu caduco cheiro a cão.
Trabalha noite e dia
Na horta da folia
Onde mesmo o Zé Zarolho
A vai ajudar a arrancar o repolho.
Nunca deixou uma hora de trabalho pa trás
Sabe bem que o mais pequeno detalhe a satisfaz
Até ao dia que encontrou no bolso da gabardine do papá
Umas quantas mortalhas
E da ganza melhor que há.
Desde então não quer mais tomates nem pila,
Da horta ainda hoje se vê a grande fila
Negra pelos sinais de fumo que a miúda tosse.
Mas a malta já não a quer,
Ela agora sorri alcatroada…
Dentes podres não são coisa de mulher
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Branco carvão em ti
Estás longe de chegar ao pé de mim
Longe é o meu sentimento que te desejaria
Sentir.
Vejo alegres flores de graciosa cor carmim
Esperando que seja igual ao meu sorriso que te faria
Sorrir.
Meu amigo, bem tinhas razão,
Como é difícil não amar aquela que nos causa menos problemas,
Aquela que igualmente nos transpareça o néctar de mil açucenas.
Reflicto no perdido amor que se fará revoltar no seu corpo inocente,
Quem me dera não amar para amar novamente,
Mas o amor que sinto é infinito certamente.
Abomino-me por olhar o seu corpo cheio de pecados,
Por ter o privilégio de entristecer-me por aqueles olhos cor de trigo
E por entrar no Céu divino ao escutar a sua voz nas preces que faz comigo.
Há aquela que me espera sem estafa,
Aquela que pela qual eu sinto algo tão grande que aos poucos me desfaça.
Pela qual combato sem cuidar das feridas
Pela qual gasto-me sem esperar alguma recompensa
Pela qual corro-me em saber o que pensa…
O quanto amo amar-te,
Mas o quanto é perigoso semelhar-te.
Sei que fomos escolhidos para nunca nos tocarmos
E sofrermos como um só…
Eis-me aqui consumido, apodrecido, amargurado e entristecido
No entanto, cheio de sentimentos lacerados por ti.