quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Oportunidade

Vejo-me escondido a uma canto escuro,
Vejo-me de cara feia,
De uma pele suja e medonha.
Reparo que tenho as unhas roídas e pretas
E os cabelos imundos de suor impuro.
Não paro de bufar, gemer, tremer,
Agarrado de ambas mãos à cabeça.
Tento-me levantar aos poucos…
Caio incessantemente,
Arranhando a parede aflito por um apoio.
Tal como precisava deparei-me com algo cómodo
Que me ajudou a pôr em pé.
Presencio que estava sentado em cima de lixo,
Lixo irreconhecível tal como o que me está a acontecer.
Tento fugir o mais depressa que posso,
Mas as pernas rastejam pelo chão,
Como se houvesse algo que me puxasse para trás.
Olho à minha volta e não vejo saída,
O breu das paredes torna os meus pensamentos inúteis,
A claridade dos meus olhos fazem-me crer que estou preso,
O som que não se ouve deixa-me desperto,
O sabor do ar é repugnante.
Tenho a oportunidade de chorar,
Tenho a oportunidade de gritar,
Tenho a oportunidade de esquecer,
Tenho a oportunidade…
A oportunidade de acordar p’ra vida,
A oportunidade do momento,
A oportunidade do espontâneo,
A oportunidade…
De criar…

2 comentários:

Rocha, André disse...

Um bom poema Phelps.

A saudade já começa a fazer sentir-se de minha parte.

Um grande abraço do teu padrinho ;)

Tiago Lopes Botelho disse...

Eu sei o que isso é meu caro phelps, se sei...